terça-feira, 29 de janeiro de 2019

"O homem é bom e a sociedade o corrompe"?

A frase que intitula essa postagem é do filósofo e pedagogo Jean-Jacques Rousseau. Confesso que não li a obra em que ela está inserida, portanto penso eu que criticarei mais o uso cotidiano dessa frase do que necessariamente o pensamento do Rousseau.
Eu sempre pensava sobre o uso dessa frase até que vi esse meme que reavivou todo o meu questionamento:

E realmente devemos pensar! Se o homem1 nasce bom, mas a sociedade o corrompe, quem corrompe a sociedade?
É realmente contraditório se pensarmos nisso. Antes de tudo devemos pensar primeiramente na questão terminológica. O conceito de "bom" é mais complexo, porém penso eu que o referido diz respeito a inocência, querer o bem do outro, alguma ideia de progresso, respeito e por aí vai. Por sociedade vemos no dicionário2 que é: "Reunião de pessoas unidas pela origem ou por leis." Esse é só o primeiro significado, mas os outro seguem a mesma ideia de união, interesses de contrato etc. Então basicamente a sociedade é constituídas por seres humanos. Tendo isso em mente já encontramos uma contradição difícil de lidar. O "homem é bom, a sociedade o corrompe", mas se a sociedade é um conjunto de homens, de onde vem essa corrupção, se o homem é essencialmente bom?
O uso comum dessa afirmativa é contraditório. Alguém precisaria corromper a sociedade para que ela corrompa os homens que são bons por essência. Se o termo sociedade for entendido pelas relações entre os homens e o uso da frase é que a vida em sociedade faz com que o homem seja mau, devido as lutas por sobrevivência e coisas do tipo, voltamos ao mesmo ponto. Se o homem na convivência com o próximo faz coisas ruins para a manutenção de sua vida ele não é essencialmente bom, o mal existe dentro dele e só espera uma oportunidade de sair.
Precisamos de um mal intrínseco que saia de algum lugar. Se o homem for completamente bom, não há como surgir o mal apenas pelas suas relações sociais. Uma relação entre duas pessoas boas completamente, só podem gerar coisas boas. Uma árvore boa só pode dar bom fruto. Dessa forma então não se pode aceitar essa afirmação.
Geralmente vejo as pessoas usando essa frase como subterfúgio. Algo para tirar o peso moral que existe dentro de si. Algo que faça com que o mal existente em seu coração seja outorgado a um fator externo. "Eu nasci bom, mas a vida em sociedade me corrompeu". É fácil demais pensar assim! Da mesma forma os que pensam: "Se Deus existe porque ele deixa pessoas passarem fome?" sendo que não dão um pãozinho sequer para um necessitado.
Nós que corrompemos as nossas relações. O mal está dentro de nós. Nossos primeiros pais comeram do fruto e causaram um eterno afastamento de Deus, uma morte para o cumprir da vontade d'Ele. Somos inclinados para fazer o mal. Você já reparou que uma criança do nada começa a ser egoísta? Começa a mentir? Eu não conheço um pai sequer que ensinou a sua criança a ser má, na verdade o trabalho é inverso. Nós falamos com a criança que "Mentir é feio", "Que ela precisa compartilhar as coisas". O engraçado, no final das contas, é que nós mesmos destruímos esse castelo que começamos a edificar.
A criança internaliza o que ela não deve fazer. Aprende que mentir é ruim, mas em uma situação onde ele precisa mentir? Você leva seu filho na casa de um amigo, e ele não gostou da comida (e no fundo você também não). Perguntam pra você e o que responde? Agora quando a criança é perguntada ela diz: "Não gostei!". Você fica sem graça e quando chega em casa faz o que? Ensina a criança umas mentirinhas sociais e fala com ela que mentir é feio, mas nem sempre. Que ser egoísta é ruim, mas nem sempre. Que prejudicar os outros é ruim, mas nem sempre.
Nós vemos a maldade nas crianças e vamos tentando retirar. Quando conseguimos parcialmente, vemos que isso não é bom. A bondade atrapalha a sociedade. O mundo frenético em que vivemos, a competitividade, o fechar de olhos, o fingir que não viu, não sobrevive em meio a pessoas que vivem pensando no bem do próximo e amam os outros como a si mesmos.
Isso está presente na Fábula das Abelhas de Bernard Mandeville, que conta a história de uma colmeia prospera e riquíssima, a maior da floresta. Algumas pessoas eram viciosas e desonestas, porém a comunidade era próspera, mas em dado momento as abelhas retiraram todo o mal existente e todos se tornaram 100% honestas. O resultado foi que a sociedade se enfraqueceu e ruiu. A moral da história é: "vícios privados, benefícios coletivos" (veja a explicação clicando aqui).
Então digo! O homem não nasce bom, muito pelo contrário já nascemos mal. A única coisa que pode nos levar ao bem é o reconhecimento desta natureza maléfica, dessa raiz do mal que existe em cada um de nós e a partir daí, buscarmos a misericórdia divina que pode nos tirar disso. Não sei qual é a sua explicação para o mal existente na sociedade, mas o uso comum dessa frase de Rousseau é uma resposta possível, apesar de insuficiente ao meu ver. Eu prefiro ficar com essa:
"Criados 'à imagem de Deus' e inocentes a princípio, nossos pais caíram da justiça original e tornaram-se pecaminosos e corruptos. E, desde aquele dia, homens e mulheres nascem segundo a imagem de Adão e Eva, decaídos, herdando um coração e uma natureza inclinados ao pecado [...] O mais lindo bebê do mundo, que se tornou o raio-de-sol de uma família, não é, como sua mãe o chama com muito amor, um 'anjinho' ou um 'inocentinho', e sim um 'pecadorzinho'. Infelizmente, enquanto jaz sorrindo no seu berço, a criaturinha leva em seu coração as sementes de todo tipo de iniquidade! Basta que a observemos com cuidado, conforme cresce em estatura e sua mente se desenvolve, e descobriremos nela uma incessante tendência para o que é mau, e uma grande hesitação quanto ao que é bom. Poderemos ver nela os botões e os germens do engano, do mau temperamento, do egoísmo, da voluntariedade, da obstinação, da cobiça, da inveja, do ciúme, da paixão - tudo o que, se alimentando e deixado à vontade, prolifera com dolorosa rapidez. Quem ensinou essas coisas à criança? Onde as aprendeu? Só a Bíblia pode responder a essas perguntas! Dentre todas as coisas tolas que os pais dizem sobre seus filhos nenhuma é pior do que a declaração comum: 'No fundo, meu filho tem um bom coração. Ele não é o que deveria ser; apenas caiu em más companhias. As escolas são lugares ruins. Os professores negligenciam as crianças. Contudo, no fundo ele tem um bom coração'. A verdade, infelizmente, é exatamente o contrário. A primeira causa de todo pecado jaz na corrupção natural do próprio coração da criança e não na escola."3

Referências
1. Sempre usaremos o termo "homem" de forma genérica, ou seja, gênero humano.
2. "sociedade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sociedade [consultado em 23-01-2019].
3. RYLE, J.C. Santidade: sem a qual ninguém verá o Senhor. 2. ed. São José dos Campos-SP:Fiel, 2016. p.29-30.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Mínimo

Há alguns dias eu relatei no meu Facebook, uma experiência que vivo muitas vezes. De forma resumida falei sobre duas senhoras que conversaram comigo. Uma pelo fato de eu estar esperando para o sinal fechar e a outra que me parabenizou por recolher as minhas migalhas e levar a bandeja para o balcão em uma unidade do Mc Café. Naquela oportunidade refleti o tanto que coisas simples podem fazer com que nos sintamos bem e como uma breve palavra pode mudar o nosso dia.
Vejo hoje em dia muito se falar na perda de valores e coisas assim. Sempre ouço as pessoas falando da perda de grandes valores. Realmente há muitas coisas que são capazes de nos assustar. Assassinatos, roubos, estupros, porém sempre me lembro do "nada novo debaixo do sol" do Eclesiastes. Estamos passando na verdade por uma reformulação dos valores, da moral e da ética do nosso mundo. Digo reformulação, pois as mudanças estão sendo deliberadas, pessoas estão lutando por essa mudança. Depois de uma experiência nesses dias eu estava pensando, nessa "crise de valores". Não parece que a perdemos grandes valores, mas sim os menores. Explico!
Caminhando em um dia no centro de Belo Horizonte fui parado na rua por um dos voluntários do Greenpeace. Apesar de ser colaborador, eu sempre paro para ouvir. Assim que a garota me parou eu falei: "Bom dia!". E ela ficou extremamente surpresa com isso. Como se eu tivesse dito algo extremamente magnífico e inimaginável. Poxa, foi um "Bom dia" apenas. Naquele mesmo dia quando eu estava no caminho do ponto de ônibus até a minha casa a minha vizinha parou o carro e quis me dar uma carona. Ela me agradeceu imensamente pois num final de semana anterior quando eu cheguei da igreja vi que o portão dela estava aberto, então como seria de se esperar eu liguei para ela e avisei. Ela se desculpou muito também, por não ter agradecido antes. Justificou-se por uma viagem que tinha feito. Novamente fiquei impressionado, pois a minha ação foi algo completamente básico, simples, o mínimo que um vizinho poderia fazer ao outro, mas o nível de agradecimento e das coisas que ouvi, pareceu que eu fiz algo grandioso. Porque essas coisas são tratadas como "grandiosas" hoje em dia?
A nossa "crise de valores" nãoé de GRANDES valores, mas sim das coisas pequenas. As pessoas não dizem "Bom dia!", "Boa tarde!", "Boa noite!", "Obrigado!", e outras palavrinhas mágicas que nos foram ensinadas na infância. Ninguém agradece o motorista, o agente de bordo (mais conhecido por aqui como trocador), a maioria joga lixo na rua, ignora as pessoas que querem te falar algo, não abre nem o vidro do carro para a moça que vende algo no semáforo (mais conhecido por aqui como sinal) e por aí vai. Várias pessoas já ficaram impressionadas comigo pelo fato de eu dizer "Obrigado" para as pessoas. Não sei se eu devo me sentir feliz ou envergonhado. Ter destaque por dizer o mínimo que é "Obrigado".
O problema nosso é que a grande maioria das pessoas não fazem o mínimo. Com isso, a tal "grande crise de valores" na verdade é de coisas pequenas. Temos uma imensa facilidade em chamar as coisas de "normais", ou que "ninguém liga", de dizer "todo mundo age assim" e no final das contas, ao invés de fazer a diferença, nos rendemos e nos adequamos ao mau proceder da maioria.
Já disse várias vezes, por vários meios e com várias pessoas. Fazer o bem não faz mal a ninguém. Neste mundo em vários momentos ficamos como se ninguém visse, como algo que não traz recompensa nenhuma. A mim sempre trouxe, através das falas de algumas pessoas, mas isso não é o mais importante. O importante é que Deus veja e Ele mesmo trará a recompensa, como vemos várias vezes no sermão do monte. Estou certo que a maioria foi educado da infância e aprendeu a fazer essas coisas mínimas. Não sei ao certo quando perdemos o hábito de fazer isso, mas é importante voltarmos. Como resolveremos os grandes problemas da sociedade se os pequenos não resolvemos?

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Liminar: que ela tem e o que se falou

Mais uma vez venho escrever depois de um tempo. Há mais ou menos dois dias que estou me privando de falar algumas coisas, mas hoje cedo eu com a ajuda de uma amiga não me contive. Como sabem eu faço faculdade de filosofia. E eu já disse isso em vários momentos. Lá aprendemos várias coisas no que dizem respeito à lógica e ao discurso. Não me acho superior a ninguém, mas devido à este conhecimento que adquiri através de meus estudos eu fico extremamente aborrecido quando vejo a forma simplista e superficial como os assuntos são tratados hoje em dia. Com isso hoje venho comentar a liminar aprovada ontem, se não me engano.
Estes dias navegando no facebook comecei a ver muito algumas palavras e algumas frases. Essas foram ditas por colegas e por alguns artistas, inclusive fora da rede social vi em noticiários. As palavras foram: "retrocesso", "preconceito", etc. As frases foram: "Amor não é a doença é a cura", "Não há cura para o que não é doença", "Você tem que tratar o seu preconceito" etc. Bem vamos do princípio.
O problema da conversa é a liminar. Na mídia e as pessoas no geral estavam tratando de uma premissa básica que é: "Homossexualidade é doença?". A princípio já é algo difícil de conciliar pois o problema tratado na liminar é: "Os psicólogos podem estudar, pesquisar cientificamente, relações homoafetivas?". Isso é extremamente claro no texto da liminar. Daí surge alguns problemas. Já dá para ver que as coisas vão dar errado, pois já dá para perceber que as pessoas irão discutir coisas completamente diferentes.
Com base nesta imagem acima dá para ver quais desdobramentos podem acontecer em cada lado e já podemos ver também os problemas disso, já que as pessoas estão brigando e na maioria das vezes falando de coisas completamente diferentes. Filósofos são chamados de chatos, por perguntarem muito. Mas esse exercício é completamente necessário em uma conversa, pois antes de conversar, cada um precisa saber de onde cada pessoa parte. Um pequeno exemplo: Alguém me pergunta se sou ciumento? Não posso responder sim ou não de cara, antes de entender o que a pessoa entende como ciúmes. Seguindo a ideia, entende-se que para a pergunta colocada pela liminar a resposta é "Não". Na resolução de 99 a homossexualidade é colocada desta forma
[...] variação natural da sexualidade humana, não podendo ser, portanto, considerada como condição patológica".
Com isso a questão básica é: o fato de não ser uma patologia ela impede os estudos e pesquisas sobre o assunto. Qual seria a o solução então para que ela possa ser estudada e entendida, para que se diminuam os preconceitos e falta de entendimento (questão proposta pela própria liminar)? Aqui está uma cisão muuuito problemática. Olhe como estão entendendo o assunto:
Isso é muito problemático! Talvez essa tenha sido a lógica da polêmica cartilha da "cura gay", criticada inclusive pela liminar. Tendo isso em vista o que a liminar propõe é:
E isto está claramente escrito no texto da liminar. A tentativa é estudar e entender para que a população seja por fim, melhor instruída no que diz respeito à homossexualidade, inclusive para a diminuição do preconceito. Eu sempre conversei com muitas pessoas, e quase todos os homossexuais que conheço dizem que no princípio ficavam muito confusos, que tinham peso na consciência e tudo mais. Com isso a liminar entra para que os psicólogos possam estudar os casos, pesquisar e coisas do tipo. Inclusive a liminar coloca como (re) orientação, ou seja, um psicólogo poderá ajudar alguém a se orientar sexualmente (uma pessoa que está confusa no que diz respeito a descoberta de sua sexualidade), ou então na reorientação sexual (pessoa que já tem uma orientação e que por determinado motivo e de sua própria vontade quer mudar).
Podemos tentar prever pressões, tratamentos "forçados" etc, mas esse problema não é da liminar, mas sim das pessoas. Porém outro grande problema das pessoas é a falta de informação. Se a polêmica é a liminar qual é a primeira coisa a fazer? Ler a liminar. Se o problema é entender ou não a homossexualidade como doença, o que fazer? Buscar os teóricos, cientistas que dizem "sim" ou "não", ver seus argumentos, pesquisas e números. A partir daí você começa a criticar, ou seja, dizendo que alguma base de pesquisa não é válida, apontando um erro de premissa ou coisas desse tipo. De forma nua e crua se algum preconceituoso chama um homossexual de doente, a resposta "amor não é doença", não é uma resposta válida para um discurso. Qual seria a resposta válida então? Perguntar a pessoa: "Porque é uma doença?", "Onde você leu?", "Quem fundamenta a sua opinião?" e a partir daí nascerá um diálogo.
Advirto! Há pessoas que não sabem conversar, então cuidado. Há extremistas em todos os lados, então você que tem um posicionamento tenha convicção e bons argumentos para defender tal posição, seja ela qual for. Faça como o filósofo Sêneca que era extremamente exigente na escolha de seus discípulos. Só escolhia pessoas que tivesse um potencial filosófico intrínseco, caso contrário não. Faça isso! Converse com quem você vênque no mínimo a pessoa irá te ouvir e te respeitar, ainda que não concorde com o seu ponto de vista. Se não acha que isso poderá acontecer, fuja. E advertência geral! Fuja de discussões em redes sociais!
Com isso deixo aqui as consideração e as conclusões da liminar e digo mais uma vez a você! Antes de se posicionar, leia, estude, analise! Se posicione e seja feliz e esteja aberto a considerar outros posicionamentos ouvindo bem os argumentos que eles possuem.
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições Legais e regimentais,
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional de saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade.
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO
que há, na sociedade, uma inquietação das práticas sexuais desviantes das normas estabelecidas sócio-culturalmente ;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações;

RESOLVE:

Art. 1º - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade.
Art. 2º - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3º - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coerciva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados..
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Art. 5º - Esta resolução entra em vigor na data de sua pulicação.
Art. 6º - Revogam-se todas as disposições em contrário.
Para baixar a Ata da reunião clique aqui.
Para mais informação e um outro posicionamento sobre assista um vídeo clicando aqui.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Silêncio

Não tenho forças em minhas mãos
O meu olhar ficou turvo e vão
Vivo procurando respostas,
Mas até agora, escuridão

Minha força nada pode fazer,
Fujo de mim mesmo, para ver
Há muitas coisas que preciso entender
Uma certeza tenho, preciso crer

Inescrutáveis são os teus caminhos,
Por mais que grito, não entendo o sentido
Aqui eu vivo e a Ti canto
E no Teu silêncio, encontro descanso

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Folha seca


Ando vagueando,
Como cego vou tateando
Uma pobre folha seca,
sendo levada pelo vento,
sabe melhor para onde anda.

Meus olhos vivem turvos,
Os fracos braços não se erguem,
As algemas ainda me prendem
E os ouvidos...
Continuam surdos.

Pedras que um dia chutei para longe
Hoje no meu caminho são como um monte
Antes tinha em mim ruas,
Hoje porém alamedas,
Erros plantados, árvores por mim cultivadas.

A fonte é achada
Tudo vem do coração de pedra
Livre do jugo que pesava
O deserto agora é a nova estrada.
O que muda agora?

Da escravidão fui liberto,
fui para um deserto,
mas mudou, Lhe tenho aqui comigo
De mim, devo me ver livre

Pois vivo a olhar para trás
Para quem não sou mais,
Vivo e novo sou,
afinal Ele me libertou
Não mais procuro a luz,
aqui comigo está e o meu caminho conduz

Não me descuido com o leão que anda em derredor
Mas contra mim também sou lutador
Na guerra contra a carne só o Espírito
Pode sair vencedor!

Os meu olhos se abriram
E o caminho clareou
Morto não mais estou
Recebi vida do único EU SOU!

terça-feira, 13 de junho de 2017

Escolhi Esperar?

Há muito tempo eu estou com vontade de escrever sobre isso, porém a falta de tempo não me permitiu. Hoje que é o dia dos namorados eu tive essa "brecha". Venho falar daquilo que normalmente chamamos de "escolher esperar".
Houve no dia de hoje muitas manifestações de amor, uma mais linda que a outra. Meu instagram ficou recheado de fotos de casais, de presentes, de flores e tudo mais. De igual forma vi muitos solteiros fazendo brincadeiras ou então comemorando o seu estado atual. Eu mesmo fiz uma playlist no Stories com músicas para o dia dos namorados. Só peguei música "deprê". Sabe? Aquelas que sua mãe gosta. Aquelas que tem naquele DVD de Flashback, que praticamente toda casa tem, um de 99 clipes. Coloquei lá "Still Loving You", "Total eclipse of my heart", "Forever"1 e outras. São músicas que eu gosto de ouvir, mas hoje foi para essa brincadeirinha de "entrar no clima". Se eu fosse ouvir músicas de relacionamento mesmo ouviria "Escolhi te esperar", "Espera por mim", "Caneta e papel"2... E é justamente sobre as duas primeiras letras citadas que eu quero falar.
Escolher esperar é um dizer (poderia chamar de movimento também) que faz muito sucesso entre os jovens cristãos. É fato que em toda a Bíblia vemos vários indícios do que é o relacionamento correto, o casamento e tudo mais. Em Gênesis 2, 24 lemos:
Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
Esse versículo é base quando falamos de casamento. De maneira relativa, a criação da mulher em si já demonstra a nossa necessidade da espera. O Reveredo Augusto Nicodemus em um vídeo do canal "Perguntar não Ofende"3 diz de forma cômica, porém verdadeira, que Adão precisou "dormir" para que Eva viesse. Então a primeira coisa que Deus fez foi fazer Adão entrar em um sono profundo (v.21). Não dá para falarmos de espera sem mencionar os quatorze anos que Isaque esperou por Raquel (Gênesis 28; 29).
Penso que hoje não somente os namorados amaram. De fato acredito que devemos celebrar o amor todos os dias! Mas em sentido concreto, de amar uma pessoa, penso eu que todos aqueles que realmente estão esperando, amam com igual, ou até maior intensidade. É um símbolo único de amor se abster de determinados contatos, de determinadas conversas ou de determinadas situações, pelo bem de uma pessoa que você ainda não conhece, ou que ainda você não a viu de tal forma. "Não sei quantas letras tem o seu nome, mas já o escrevi dentro de mim / Há anos eu te amo a distância, na verdade sonho com você desde criança", já disse a Marcela Taís!
Canto este trecho desta música com todo o amor que tenho aqui guardado para aquela mulher que poderei honrar como marido. Mesmo que eu não saiba quem ela é, se já a conheço ou não, eu já guardo tudo o que eu puder para ela. Regro termos, frases e até emojis para que o meu tratamento para ela seja único.
Pela graça de Deus eu posso dizer que escolhi estar esperando. Até brinco com alguns amigos dizendo: "Não fui eu que escolhi esperar, foi a espera que me escolheu", ou então naqueles eventos do Facebook: "Não escolhi mas estou esperando". Mas é coisa de brincadeira. Digo que escolhi, pois na medida do possível estou me abstendo de determinados tipos de conversas, desviando de conhecer pessoas novas. Já tenho muitos amigos ora bolas, então se eu buscar conhecer garotas, dificilmente estarei buscando amizade. Então eu estou "correndo" de algumas coisas.
Falta de opção não é escolher esperar! Já que essa expressão é tanto usada, o escolher esperar é dizer "Não!" as opções que aparecerem e fazer isso confiando em Deus e tendo clareza no coração que está realmente esperando "a pessoa". Uma comparação um pouco chula, mas funciona assim... Uma coisa é você ter um taaaaanto de doces no armário e dizer: "Esses doces irão me fazer mal. Não comerei!", outra coisa é não ter doce nenhum e dizer: "Achei melhor não comer doce.". Boba, mas eu acho que dá para entender.
Se guarde verdadeiramente! Seus abraços, beijos, preocupações, atenção, frases (tipo a já banalizada "Eu te amo!") e tudo mais quanto puder. Teve aquela ideia legal de presente? Anote e espere a pessoa que merecerá. Foi inspirado e escreveu aquele poema lindo? Anote e quando ela(ele) chegar escreva uma carta de próprio punho, compre o chocolate favorito dela(dele) e faça aquela surpresa. Aguarde! Ore! Deus no tempo certo fará a vontade D'Ele! "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu;" Eclesiastes 3, 1.
Com isso digo para você que lê esse texto o que digo para mim todos os dias quando a ansiedade me turva a mente. Não procure opções, seja antes alguém que mereça ser procurado; Não busque qualidades, busque defeitos, pois vendo aqueles que suporta as qualidades só serão a cereja do bolo; Não procure alguém digno de você, seja antes digno para alguém; Se preocupe em ser um bom namorado(a) antes de buscar que o outro seja bom ("O amor conspira por quem pode ser a resposta da oração de alguém"); Ore; Ore mais um pouco; Pense que todo relacionamento (namoro, amizade, casamento) são para a Glória de Deus.
Lembre-se! Cada ano de espera será compensado com um segundo de sorriso da pessoa correta!


Referências
1.
Scorpions, Bonnie Tyler e Kiss, respectivamente.
2.
Marcela Taís e Os Arrais, respectivamente.
3.
Clique aqui para ver o vídeo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Fé!

Hoje no meu trabalho tivemos uma reunião bastante longa. Tivemos uma mudança na liderança da empresa, então de certa forma dá uma renovada nos ânimos e tudo mais. Em dado momento depois da reunião estávamos conversando e chegamos ao ponto da esperança. Disseram aquela "Agora vai!" e eu disse que sempre acreditei antes e que agora acredito ainda mais. Aquilo que eu falei lá e pensei depois do ocorrido me deixou com uma vontade enorme de escrever.
Na minha vida, várias pessoas se assustaram comigo devido ao meu "excesso" de esperança. Sempre acreditei que as coisas darão certo. Tento ver o melhor das coisas. Ver aquele cogumelo que nasce em meio às folhas secas. Agradeço bastante a Deus, pois há muito tempo tenho pensado assim. Em determinados momentos na adolescência eu sempre me preocupava em estar preparado para o "Não!", mas por mais difícil que possa ser de entender, eu sempre tive muita esperança nas coisas.
O Silas Campos em seu livro "A fé que agrada a Deus"1 fala de uma dimensão interessante. Faz uma diferença da "Fé Salvadora" e da "Fé não salvadora". Fato é que as duas vem de Deus. É certo também que apenas uma leva para a vida eterna, porém tanto uma quanto a outra são importantes para a vida aqui na terra. Ele mesmo diz que a fé é importante para todos e que "o tempo todo o ateu, assim como o cristão, exerce fé" (pos. 183). Essa fé é a confiança que se têm ao pegar um ônibus acreditante que ele chegará no lugar que pretende ir; você entra em um prédio acreditando no engenheiro e naqueles que lá trabalharam, para ele não cair. Todos esses são exemplos que ele dá e que são bem verdadeiros.
Essa fé não é salvadora, mas realmente é importante para a nossa vida. Hoje eu falei que se eu não acreditasse que as coisas fossem dar certo eu não acordaria cedo. Eu preciso acreditar! O que me motivaria levantar cedo, pegar ônibus lotado, trabalhar o dia inteiro, ir para a faculdade, se no fundo eu não acreditasse que as coisas fossem dar certo? E ainda mais para mim que sou cristão. Estou longe, MUITO longe do grão de mostarda (Lucas 17, 6), mas pelo menos eu posso dizer: acordo cedo pensando que tudo dará certo!
Levanto e vou trabalhar. O que me faz fazer esse esforço? Saber que há um Deus que me deu a benção do trabalho cujo qual devo glorificar o seu nome cumprindo as minhas funções lá na empresa. Outra coisa é pensar que estou trabalhando para alimentar meus filhos (não ainda não tenho, nem namorada ainda, mas se eu não pensar no bem estar e no pão deles agora, para quê fazer tanto esforço para trabalhar e estudar?). Se eu não tivesse uma firme esperança dessas coisas sinceramente nem levantaria. Aliás, nem sairia de casa, nem acreditaria que sobreviveria ao sair do portão.
Então o que fazer para ter esperança? Saber que as coisas não dependem apenas de você! Se dependesse [unicamente de ti] provavelmente daria errado mesmo. Temos nossas ações, mas a confiança está em Deus. Quando colocamos a nossa esperança n'Ele, não há prazo para pensarmos na possibilidade de dar errado. Sem fé em Deus acho difícil crer que as coisas darão certo. Logo, penso eu, que falta de esperança na verdade é falta de conhecimento de Deus. O Silas Campos disse também que "O cristão, pela fé, sabe que ele não é um andarilho existencial, vagando, vítima do acaso e da sorte." (pos. 277-278).
Não devemos jamais colocarmos fardos pesados sobre nossos ombros. Vivamos tranquilos tendo esperança no Único que é capaz de a dar.

"Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem." Hebreus 11, 1.


Referências
1.
CAMPOS, Silas Largui. A fé que agrada a Deus: mais quem um mero acreditar. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015; ePUB.