
Depois de um tempo, aqui retornei para escrever algo. Já disse aqui várias vezes que eu não faço muito esforço para escrever. Às vezes passo um tempo sem que nada me passe pela cabeça e diga “tenho que escrever”, mas há momentos que vem e eis-me aqui. Hoje, 12 de Setembro de 2016 é o vigésimo sexto aniversário de minha irmã. É um dia importante para mim já que eu a amo e somos muito próximos! Com isso fui eu comprar para ela um presente em determinado momento do meu dia. Essa ida me fez ver algo bem diferente e resultou o pensamento para a escrita desta postagem.
É algo que sempre pensei e até mesmo sem perceber posso ter dito em algum escrito por aqui. Em dado momento eu estava aguardando para atravessar a rua. Neste instante apareceu uma pessoa do meu lado extremamente grande. Para ser mais específico era um homem, aparentando ter os seus vinte e cinco anos mais ou menos. Digo que ele era extremamente grande devido a sua estatura. Minha altura é de um metro e oitenta e cinco centímetros. Analisando apenas com o meu olhar, o topo da minha cabeça ficaria nos ombros deste cidadão. É óbvio que perante essa situação qualquer um olharia com surpresa, tal como eu olhei quando vi, mas o problema não é este e sim outro.
No momento que o sinal abriu ele passou por mim. Neste instante percebi um olhar muito estranho direcionado a ele. Não foi um mero olhar de susto, como se dissesse: “Nú que cara alto!”. Foi um olhar de desprezo, de depreciação. Além da sua altura demasiada ele era bem estiloso (ao meu ver). Usava um boné, barba, cabelo com tranças (aquelas características de Rappers) e sua roupa era tal como a de uma pessoa pertencente à “tribo” do Hip-Hop. Continuando a caminhada - ele permaneceu à minha frente - os olhares se repetiam de maneira absurda. Não sei se eu teria termos para expressar o quão ruins eram aqueles olhares ou dizer a quantidade dos que o atacavam desta forma. Tenho dificuldades em perceber o que me assustou mais, se foram o número de olhares ou se foi a forma comum em todos. É como se houvesse uma face maléfica personificada em todas aquelas pessoas de tão parecido que era a forma de olhar. Jovens, velhos, mulheres, homens… Todos com a mesma face.
Isso me preocupa muito pois sei o que é ser esse alvo. Eu na minha adolescência tinha um estilo bem puxado para o Rock N’ Roll. Se bem que em momentos tinha uma atenuação no Metal ou até no Black Metal. Eu andava na rua e contemplava essa mesma face. Como disse! A mesma feição em pessoas distintas. Parecendo uma alucinação tal como a de um filme de terror. Aqueles que a pessoa está na rua e que de repente todo mundo está com a mesma face. Exatamente a mesma coisa! Pode ver também o Clipe "Going Under" do Evanescence que verá sobre o que eu digo. Eu não precisava olhar para as pessoas para saber que me olhavam. Eu sentia cada olhar, cada julgamento, cada pensamento mau, cada preconceito. Você consegue ver relatos de pessoas negras falando disso e também mulheres falando disso quando passam em um local cheio de homens (já falei sobre isso em Comer com os Olhos).
Vejo isso com uma aversão sem igual! Já senti na pele e é muito amargo esse gosto. Não há fruto nesta terra que amargue tanto quanto receber esses olhares. Você vê o peso do jugo das pessoas. Já presenciei várias vezes e fico indignado por várias motivos. Primeiro, pois não consigo fazer nada. Segundo, por ter ideia do que é passar por isso. Terceiro, por ver que isso está intrínseco a nossa cultura, pois são várias pessoas que fazem isso. Por último e sendo um dos que mais me assusta, é o fato das pessoas fazerem isso deliberadamente sem expressar nenhum tipo de preocupação com o que o outro possa estar sentindo, e eu tenho uma certeza. Provavelmente se alguém falar com esta pessoa, ela irá desconversar e dizer que não é nada disso, que só ficou admirada por detalhe X ou Y desta pessoa. O problema todo é que os olhos, com este olhar inicial, expressa todo o preconceito e perversidade que há no coração desta pessoa.
Jesus Cristo foi julgado inúmeras vezes na terra. Uma em específico é quando Jesus cura um endemoniado e é acusado pelos fariseus de realizar tal feito em nome de Belzebu e não pelo nome de Deus (Mateus 12, 12-32). Neste momento há algo muito importante dito por Jesus: “Porque a boca fala do que está cheio o coração.” (vs. 34b). Aqui falamos do não dito. O falar com os olhos. Como fica então? Encontramos outro dito que de Cristo se encaixa mais especificamente: “São os olhos a lâmpada do corpo.” (Mateus 6, 22-23). Se os olhos forem bons todo o resto será, e consequentemente se forem maus…
Desta forma considerem o que digo. Esse comportamento é inadmissível para um cristão, mas também para quem não é, considere pois as palavras de Cristo. Se você não crer que Ele é o Deus encarnado, veja esses ditos como algo de um homem sábio que também foi. Não olhe com desprezo para as pessoas. Se não consegue mudar o seu olhar não olhe então. Desvie! Você evitará um sofrimento grandioso para alguém. Tente mudar o seu olhar e o seu coração! Você pode dizer assim: “Mas eu não falei nada!”, mas é importante saber que não disse com a boca, mas o fez com os olhos e neste tipo de situação, um olhar é pior do que qualquer coisa que possa dizer. Cuidado, pois os olhos podem ser uma arma muito mais danosa do que os lábios.
0 comentários:
Postar um comentário