Mais uma vez venho escrever depois de um tempo. Há mais ou menos dois dias que estou me privando de falar algumas coisas, mas hoje cedo eu com a ajuda de uma amiga não me contive. Como sabem eu faço faculdade de filosofia. E eu já disse isso em vários momentos. Lá aprendemos várias coisas no que dizem respeito à lógica e ao discurso. Não me acho superior a ninguém, mas devido à este conhecimento que adquiri através de meus estudos eu fico extremamente aborrecido quando vejo a forma simplista e superficial como os assuntos são tratados hoje em dia. Com isso hoje venho comentar a liminar aprovada ontem, se não me engano.
Estes dias navegando no facebook comecei a ver muito algumas palavras e algumas frases. Essas foram ditas por colegas e por alguns artistas, inclusive fora da rede social vi em noticiários. As palavras foram: "retrocesso", "preconceito", etc. As frases foram: "Amor não é a doença é a cura", "Não há cura para o que não é doença", "Você tem que tratar o seu preconceito" etc. Bem vamos do princípio.
O problema da conversa é a liminar. Na mídia e as pessoas no geral estavam tratando de uma premissa básica que é: "Homossexualidade é doença?". A princípio já é algo difícil de conciliar pois o problema tratado na liminar é: "Os psicólogos podem estudar, pesquisar cientificamente, relações homoafetivas?". Isso é extremamente claro no texto da liminar. Daí surge alguns problemas. Já dá para ver que as coisas vão dar errado, pois já dá para perceber que as pessoas irão discutir coisas completamente diferentes.
Com base nesta imagem acima dá para ver quais desdobramentos podem acontecer em cada lado e já podemos ver também os problemas disso, já que as pessoas estão brigando e na maioria das vezes falando de coisas completamente diferentes. Filósofos são chamados de chatos, por perguntarem muito. Mas esse exercício é completamente necessário em uma conversa, pois antes de conversar, cada um precisa saber de onde cada pessoa parte. Um pequeno exemplo: Alguém me pergunta se sou ciumento? Não posso responder sim ou não de cara, antes de entender o que a pessoa entende como ciúmes. Seguindo a ideia, entende-se que para a pergunta colocada pela liminar a resposta é "Não". Na resolução de 99 a homossexualidade é colocada desta forma
[...] variação natural da sexualidade humana, não podendo ser, portanto, considerada como condição patológica".
Com isso a questão básica é: o fato de não ser uma patologia ela impede os estudos e pesquisas sobre o assunto. Qual seria a o solução então para que ela possa ser estudada e entendida, para que se diminuam os preconceitos e falta de entendimento (questão proposta pela própria liminar)? Aqui está uma cisão muuuito problemática. Olhe como estão entendendo o assunto:
Isso é muito problemático! Talvez essa tenha sido a lógica da polêmica cartilha da "cura gay", criticada inclusive pela liminar. Tendo isso em vista o que a liminar propõe é:
E isto está claramente escrito no texto da liminar. A tentativa é estudar e entender para que a população seja por fim, melhor instruída no que diz respeito à homossexualidade, inclusive para a diminuição do preconceito. Eu sempre conversei com muitas pessoas, e quase todos os homossexuais que conheço dizem que no princípio ficavam muito confusos, que tinham peso na consciência e tudo mais. Com isso a liminar entra para que os psicólogos possam estudar os casos, pesquisar e coisas do tipo. Inclusive a liminar coloca como (re) orientação, ou seja, um psicólogo poderá ajudar alguém a se orientar sexualmente (uma pessoa que está confusa no que diz respeito a descoberta de sua sexualidade), ou então na reorientação sexual (pessoa que já tem uma orientação e que por determinado motivo e de sua própria vontade quer mudar).
Podemos tentar prever pressões, tratamentos "forçados" etc, mas esse problema não é da liminar, mas sim das pessoas. Porém outro grande problema das pessoas é a falta de informação. Se a polêmica é a liminar qual é a primeira coisa a fazer? Ler a liminar. Se o problema é entender ou não a homossexualidade como doença, o que fazer? Buscar os teóricos, cientistas que dizem "sim" ou "não", ver seus argumentos, pesquisas e números. A partir daí você começa a criticar, ou seja, dizendo que alguma base de pesquisa não é válida, apontando um erro de premissa ou coisas desse tipo. De forma nua e crua se algum preconceituoso chama um homossexual de doente, a resposta "amor não é doença", não é uma resposta válida para um discurso. Qual seria a resposta válida então? Perguntar a pessoa: "Porque é uma doença?", "Onde você leu?", "Quem fundamenta a sua opinião?" e a partir daí nascerá um diálogo.
Advirto! Há pessoas que não sabem conversar, então cuidado. Há extremistas em todos os lados, então você que tem um posicionamento tenha convicção e bons argumentos para defender tal posição, seja ela qual for. Faça como o filósofo Sêneca que era extremamente exigente na escolha de seus discípulos. Só escolhia pessoas que tivesse um potencial filosófico intrínseco, caso contrário não. Faça isso! Converse com quem você vênque no mínimo a pessoa irá te ouvir e te respeitar, ainda que não concorde com o seu ponto de vista. Se não acha que isso poderá acontecer, fuja. E advertência geral! Fuja de discussões em redes sociais!
Com isso deixo aqui as consideração e as conclusões da liminar e digo mais uma vez a você! Antes de se posicionar, leia, estude, analise! Se posicione e seja feliz e esteja aberto a considerar outros posicionamentos ouvindo bem os argumentos que eles possuem.
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições Legais e regimentais,
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional de saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade.
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO
que há, na sociedade, uma inquietação das práticas sexuais desviantes das normas estabelecidas sócio-culturalmente ;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações;
RESOLVE:
Art. 1º - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade.
Art. 2º - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3º - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coerciva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados..
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Art. 5º - Esta resolução entra em vigor na data de sua pulicação.
Art. 6º - Revogam-se todas as disposições em contrário.
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional de saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade.
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO
que há, na sociedade, uma inquietação das práticas sexuais desviantes das normas estabelecidas sócio-culturalmente ;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações;
RESOLVE:
Art. 1º - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade.
Art. 2º - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3º - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coerciva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados..
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Art. 5º - Esta resolução entra em vigor na data de sua pulicação.
Art. 6º - Revogam-se todas as disposições em contrário.
Para baixar a Ata da reunião clique aqui.
Para mais informação e um outro posicionamento sobre assista um vídeo clicando aqui.
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