segunda-feira, 30 de março de 2015

Quero ser como criança*

Hoje vi algo que me chamou tanto a atenção, mas tanto, que na mesma hora eu pensei: “Tenho que escrever!”. Estava no ponto de ônibus voltando do trabalho. Estava ali sossegado ouvindo música. De acordo com o terminal o ônibus demoraria oito minutos para chegar. Em dado momento aconteceu algo que perturbou a paz de mim e daquelas outras pessoas que ali estavam.
Chegou um andarilho. Do modo bem estereotipado. Cheirava mal, não falava nada com nada, estava bastante sujo, e demonstrava alguma dificuldade mental, pois não parecia estar embriagado. Outra coisa que comprova o fato de que não era bebida é que ele não tinha o característico cheiro.
                Ele veio falando que não tinha medo de ninguém, somente de Deus. Encarava todos os homens, e com as mulheres ele chegava bem perto e falava algo que não consegui entender. Saiu andando e falando suas coisas… Eu estava prestando bastante atenção no mesmo, pois estava apreensivo no sentido de que ele pudesse me agredir. Digo que não retribuiria em nenhuma situação, nem mesmo se fosse uma pessoa normal, mas é pelo sentido que não haveria nada que pudesse ser feito. Se algo assim acontecesse, como eu poderia julgar esse ato normalmente, sendo que o mesmo (naquela aparente condição) não seria responsável pelo que fizesse.
                Em dado momento ele chegou perto da lata de lixo e deu um baita tapa na lixeira para que ela pudesse virar. Na mesma hora algumas senhoras que estavam ali, assustadas se levantaram do banco e se afastaram um pouco, e isto chamou atenção de todos os outros. Ele deu outro tapa e bradou: ”CADÊ AS LATINHAS????? Eu pego latas!”.
                Depois disso chegou um ônibus (Castanheiras se não me engano), e aí que vem o fato mais importante. Havia uma jovem moça com uma criancinha no colo comendo uma goiaba. Enquanto ela entrava no ônibus, lá foi o nosso andarilho e com um gracioso sorriso (que iria contra aquele tapão da lixeira) falou algo com a criança. E ela lhe retribui com um sorriso cujo a beleza não caberia em palavras.
                Olhou para ele de forma tão pura, sem medo, tal como a Esmeralda ao olhar o Quasimodo**, e logo depois ele disse mais alguma coisa, e ela de igual forma com ele. E depois ela ainda disse um “Tchau” tão belo, que parecia que estava se despedindo de um personagem de desenho que provavelmente goste. Foi semelhante a Cristo, que aceitou a todos com esta mesma misericórdia, bondade e pureza de coração.
                Vi aquilo… Todos nós apreensivos, preconceituosos, e ela ali, olhando para ele com provavelmente mais apresso do que com todos ali presentes. E frente a circunstâncias, creio eu que ele mereceu realmente, mais apresso do que todos nós que ali estávamos.

*Referência á um cântico cristão com a autoria atribuída ao David Quinlan
** O Corcunda de Notre Dame (Para ver de onde a informação foi retirada Clique Aqui)

domingo, 22 de março de 2015

Caiu do Céu!

Bom o dia hoje* me serviu de muito aprendizado. Uma conversa muito aberta e muito produtiva com uma colega de trabalho me enriqueceu muito. Mas venho falar de outra coisa. Esmolas. É um assunto aparentemente simples, e eu nunca vi discussões que focaram no assunto, porém tenho certeza que se alguém se propusesse veria que é um dos assuntos cujo as opiniões divergem bastante.
Hoje eu sai do trabalho e fui às Lojas Americanas comprar alguns presentes para duas pessoas em especial. Comprei os presentes e além disso comprei ainda o meu lanche de sábado, já que eu não almoço, e também um pote de Snak (acho que é isso mesmo, semelhante a batata Pringles) para eu comer indo para casa. Quando eu estava no caixa pagando decidi voltar e deixar os presentes lá no meu trabalho, sendo que precisarei deles amanhã lá. Voltei, guardei, a Juliana me deu tchau (a mesma citada na postagem anterior), e depois fui embora. Pois bem, começou a chover. Abri o guarda chuva e fiquei esperando o ônibus comendo uma pequena porção de batata. Aí que vem o tal ato!
Ao longe reparei em uma pessoa caminhando. Mesmo pela longa distância já consegui perceber que tinha uma deficiência. Quando foi chegando mais perto vi que era uma senhora de aproximadamente cinquenta anos. Caminhava devagar, pelas suas dificuldades, não poderia esperar menos. Calma e tranquila. Não parecia ter nada em mente. Apenas caminhava. Meu coração foi apertado. Diria eu esmagado. Eu ali… Comendo, com o guarda chuva aberto, e ela ali, apenas com sua sacola e pegando integralmente a chuva que nos assolava. Veio a voz: “Ajude-a!”. Pensei: “Darei meu guarda chuva para ela!”. Em um certo momento esse pensamento se foi. Ela passou um pouco por mim. Não consegui e fui lá! Dei boa noite e perguntei se ela queria o meu guarda chuva. Ela me respondeu apenas com um sorriso. Tão lindo como uma rosa! Assim fiz. Peguei o pote de batatas e logo após de pegar umas quatro batatinhas, dei também á ela.
Fiz! Estou contando agora… Para quê? Ganhar reconhecimento? Ser bem visto? Nem um destes. Digo para que pensem comigo. Pensei assim: Mesmo que eu molhe, posso chegar em casa e tomar um banho, logo após colocar uma roupa seca e limpa, e ainda se desejar tomar um chocolate quente para ajuda no sono. Mesmo que eu ficasse com fome, poderia comer o que quisesse quando chegasse em casa. Agora e ela? Quando será que ela irá comer? Quando será que ela irá tomar banho? Como a roupa que ela usava secaria?
Nós que possuímos essa dádiva devemos ajudar os outros que não possuem. Não costumo dar dinheiro como esmola. Esta não foi a única vez que fiz algo parecido. Mas digo apenas que nada me faria ficar mais feliz do que isto que fiz hoje. Gosto muito de chuva! Mas a que peguei hoje voltando para casa, foi com certeza a melhor que eu podia pegar, pois sei que a cada pingo de chuva que caia em mim, um deixava de cair em alguém que precisava muito mais do que eu!
Escrito no dia 20 de Março de 2015.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Árvore seca também brota!

                 Estava hoje conversando com uma colega de trabalho e uma aluna. Falamos sobre algumas coisas. Em dado momento falei com elas sobre um costume que eu tenho. Essa colega de trabalho estava sentada na escada de cabeça baixa. Eu pensei que ela estivesse triste ou passando mal. Fui lá e dei um leve toque em seu braço direito, e sai correndo. Não deu tempo de esconder. Ela ergueu a cabeça e me viu na minha investida falha de fugir. Conversamos um pouco até que esta aluna chegou. Ela me questionou se eu ainda não tinha ido almoçar (pois já tinha mais ou menos meia hora que eu estava falando que ia almoçar, e ainda não tinha ido). Falei que não e expliquei para ela que não consigo ver pessoas tristes, e aí eu tinha ido mexer com a Juliana. Aí disse que eu sempre faço isso, pois normalmente quando estou triste, não tentam me animar muito e eu sei o quanto isso é ruim, então por isso que eu sempre tento alegrar quem não está aparentemente alegre.
                Pensei… O que seria então a felicidade? É algo tão simples, e que tem um significado sentimental tão grande. Não me arrisco a tentar dar uma definição geral. Vários filósofos já tiveram suas definições, que cabem - pelo menos na sua grande maioria - em um âmbito universal. Mas pensarei aqui de uma outra forma. Já tive vários debates com as pessoas sobre este breve pensamento: ”É possível fazer os outros felizes estando triste?”. Na época muitos diziam que não.
                Muitos responderam não, porém para mim é o exato contrário. Me arrisco até a dizer que a minha felicidade depende da felicidade que eu causo nos outros. Busco e gosto muito de ajudar, gosto de dar presentes. É muito barato dar algo que deixe a pessoa feliz. Seja uma caixa de Bis (aproximadamente R$ 3,00), ou um Patins (aproximadamente R$ 200,00). Já falei isso com alguém que muito estimo, no momento em que ela disse que não queria ganhar presente de aniversário, mas repito aqui: “Neste mundo em que vivemos, tão conturbado, um presente é uma forma muito barata de deixar alguém feliz!”. Quando eu não dou uma boa aula, eu fico triste, principalmente quando vejo os alunos desanimados ou entediados.
                Então concluo, pelo menos de forma pessoal, que é sim possível fazer os outros felizes mesmo estando tristes. Eu para curar a minha tristeza, busco causar alegria. Comigo funciona, e penso que se mais pessoas tentassem também, teríamos várias árvores secas que poderiam, quem sabe, gerar brotos capazes de florescer.