domingo, 25 de setembro de 2016

"Desligamento"

Eu sou uma pessoa que ama a natureza. Vivo por aí andando e admirando tudo de belo que existe neste mundo. Vivo olhando para o alto, tirando fotos e etc.
Ultimamente eu não tenho tido mais essas observâncias. Muito tempo ligado em redes sociais, usando o celular constantemente dentre outras coisas. Às vezes leio algumas coisas no Facebook e fico extremamente triste e irritado. Converso com pessoas maravilhosas, mas a falta de contato físico e perda de elementos tais como, tom de voz e olhares fazem me sentir como seu eu estivesse conversando com uma imagem, com algo ilusório. Esse contato pessoal é extremamente importante e eu pouco o tenho tido.
Com tudo isso resolvi me desligar de redes sociais e usar o meu celular o mínimo possível durante sete dias. Comecei no domingo passado e terminei hoje. O que tenho a dizer???
Foi tudo maravilhoso. Há abaixo o relato diário de como foi tudo. Não acho que resolvi a minha vida e digo que ainda não me sinto tão bem como me sentia antes (quando não utilizava muito essas redes), mas já é um avanço. Vi o como a vida é linda além da tela do meu telefone. Foram experiências maravilhosas. Não coloquei determinadas coisas no relato semanal, pois são completamente subjetivo, tais como o vento nas árvores, as plantas, as nuvens, o belo céu e por aí vai...
Senti falta de conversar com algumas pessoas! E a falta que eu mais senti foi de ouvir música, mas digo, mesmo com as belas músicas que ouço, nada se compara com o som dos ventos tomando as folhas das árvores. Sinfonia maravilhosa!
Recomendo a todos essa experiência!

Relato Semanal:


1º Dia: Foi ótimo! Em todo o momento que eu tinha um pequeno ócio olhava para o celular. Com isso percebi o tanto que o estava utilizando. Meu trabalho (obrigações) renderam muito, fiz tudo o que deveria fazer com uma diferença substancial. Parece que tinha anos que eu não ouvia o canto dos pássaros. A o lançamento da Música "Da vida, O Melhor" do Projeto Sola alegraram a minha existência. Música maravilhosa e agora no fim do dia, perdi a conta do tanto que já ouvi ela. Ganhei vários "Bom dia!", acho que isso se deve ao fato de não estar com fone de ouvido, pois com eles acho que as pessoas ficam inibidas. Uma garota muito bonita sentou ao meu lado no ônibus, com isso eu já fiquei envergonhado. Ela pediu "Licença" e eu respondi "À vontade". Acho que ela não esperava essa resposta, pois ela disse "Obrigado" depois de alguns segundos (estampando um belo sorriso no rosto diga-se por sinal). Eu disse "Disponha". Eu estava com uma imensa vontade de chupar uma bala Chita (meu pai sempre me dá um monte) que tinha na mochila. Não conseguiria pegar a bala sem experimentar. Demorei 80% da viagem até tomar coragem e pegar a bala para mim e oferecendo uma a ela. Ela com surpresa aceitou e agradeceu com outro belo sorriso. Quando ela desceu ganhei um "Tchau!". Isso me fez lembrar que nunca perdi nada sendo educado com as pessoas. ^^


2º Dia: Foi bastante comum. O dia de hoje é muito normal. Vou para o estágio e depois eu volto para casa, permanecendo aqui até o momento que eu deve ir à aula. O que houve de diferente é que ao invés de ficar em Redes Sociais eu fiz uma coisa que a muito tempo não fazia. Joguei vídeo game. Castlevania: Lords of Shadows, fez a minha alegria nesta tarde. Dormi bastante e fui acordado várias vezes de maneira extremamente graciosa pela minha sobrinha apertando meu nariz.


3º Dia: Hoje é um outro dia que normalmente não uso muito o celular ou coisa parecida, já que dou muitas aulas. Para fazer um trabalho da faculdade tive que usar o celular para tirar fotos. Amanhã terei que entrar no WhatsApp para poder baixar as fotos que o meu colega de trabalho tirou e me enviou. Também hoje precisei habilitar a internet do celular para a agenda do Google sincronizar. Apareceram dezenas de notificações, mas fui resistente e consegui não olhar nenhuma. A parte nova e boa é que no ônibus ao invés de ficar conversando eu pude ler, com isso a minha leitura do livro Cinco Pontos do John Piper está bastante adiantada. Dormir mais cedo têm sido a grande diferença. Como não fico conversando, assim que eu acabo de fazer coisas relacionadas à Faculdade ou trabalho eu vou direto para a cama.


4º Dia: O dia foi comum. Tive que acessar o WhatsApp, para salvar umas fotos de um trabalho para a Faculdade. Acabei abrindo uma conversa sem querer... Aí mandei uma mensagem para dizer o ocorrido e avisando que voltaria e que quando isso ocorresse eu leria tudo. Apenas em um aspecto a saída das Redes Sociais foi prejudicial. Não fiquei sabendo da Medida Provisória que está à ser votada. Retirará a Filosofia e outras disciplinas importantíssimas para os alunos. Na faculdade eu tive uma crise existencial muito forte. Começamos a conversar sobre o assunto. O ambiente caiu imediatamente! A mesma preocupação rondava a todos na sala. De acordo com que a conversa foi se desenvolvendo eu me perguntava seriamente: "O que eu estou fazendo aqui?". Minha vontade era de ir para casa, não tive vontade de mais nada. Acabei ficando e a parte boa é que na segunda aula pude falar da minha fé aí entendi o que estava fazendo ali.


5º Dia: Dia agradável. A essa altura já sinto quase abstinência por não estar ouvindo música pelo celular. Hoje é um dia que normalmente não uso muito o celular, já que dou muitas aulas. Pude continuar adiantando a leitura do livro do John Piper. Vários alunos do meu trabalho me procuram com uma preocupação que me surpreendeu, para conversarem sobre a reforma do Ensino Médio e todos eles pensando bastante sobre a importância da Filosofia. Me ascendeu uma esperança essa preocupação toda. No mais, meus alunos me alegraram bastante e na faculdade a aula foi ótima, com a apresentação do tal trabalho. Foi ótimo, tanto o do meu grupo como os trabalhos dos colegas. Tudo isso me fez esquecer um pouco a Medida Provisória.


6º Dia: Trabalho bastante e normalmente não uso o celular. A diferença feita mesmo foi que dentro do ônibus eu não usei (mas mesmo assim, dormi então de qualquer forma não usaria). Dia foi ótimo e o celular não fez diferença. Tudo foi maravilhoso na igreja e a presença do celular foi indiferente.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Olhar


Depois de um tempo, aqui retornei para escrever algo. Já disse aqui várias vezes que eu não faço muito esforço para escrever. Às vezes passo um tempo sem que nada me passe pela cabeça e diga “tenho que escrever”, mas há momentos que vem e eis-me aqui. Hoje, 12 de Setembro de 2016 é o vigésimo sexto aniversário de minha irmã. É um dia importante para mim já que eu a amo e somos muito próximos! Com isso fui eu comprar para ela um presente em determinado momento do meu dia. Essa ida me fez ver algo bem diferente e resultou o pensamento para a escrita desta postagem.
É algo que sempre pensei e até mesmo sem perceber posso ter dito em algum escrito por aqui. Em dado momento eu estava aguardando para atravessar a rua. Neste instante apareceu uma pessoa do meu lado extremamente grande. Para ser mais específico era um homem, aparentando ter os seus vinte e cinco anos mais ou menos. Digo que ele era extremamente grande devido a sua estatura. Minha altura é de um metro e oitenta e cinco centímetros. Analisando apenas com o meu olhar, o topo da minha cabeça ficaria nos ombros deste cidadão. É óbvio que perante essa situação qualquer um olharia com surpresa, tal como eu olhei quando vi, mas o problema não é este e sim outro.
No momento que o sinal abriu ele passou por mim. Neste instante percebi um olhar muito estranho direcionado a ele. Não foi um mero olhar de susto, como se dissesse: “Nú que cara alto!”. Foi um olhar de desprezo, de depreciação. Além da sua altura demasiada ele era bem estiloso (ao meu ver). Usava um boné, barba, cabelo com tranças (aquelas características de Rappers) e sua roupa era tal como a de uma pessoa pertencente à “tribo” do Hip-Hop. Continuando a caminhada - ele permaneceu à minha frente - os olhares se repetiam de maneira absurda. Não sei se eu teria termos para expressar o quão ruins eram aqueles olhares ou dizer a quantidade dos que o atacavam desta forma. Tenho dificuldades em perceber o que me assustou mais, se foram o número de olhares ou se foi a forma comum em todos. É como se houvesse uma face maléfica personificada em todas aquelas pessoas de tão parecido que era a forma de olhar. Jovens, velhos, mulheres, homens… Todos com a mesma face.
Isso me preocupa muito pois sei o que é ser esse alvo. Eu na minha adolescência tinha um estilo bem puxado para o Rock N’ Roll. Se bem que em momentos tinha uma atenuação no Metal ou até no Black Metal. Eu andava na rua e contemplava essa mesma face. Como disse! A mesma feição em pessoas distintas. Parecendo uma alucinação tal como a de um filme de terror. Aqueles que a pessoa está na rua e que de repente todo mundo está com a mesma face. Exatamente a mesma coisa! Pode ver também o Clipe "Going Under" do Evanescence que verá sobre o que eu digo. Eu não precisava olhar para as pessoas para saber que me olhavam. Eu sentia cada olhar, cada julgamento, cada pensamento mau, cada preconceito. Você consegue ver relatos de pessoas negras falando disso e também mulheres falando disso quando passam em um local cheio de homens (já falei sobre isso em Comer com os Olhos).
Vejo isso com uma aversão sem igual! Já senti na pele e é muito amargo esse gosto. Não há fruto nesta terra que amargue tanto quanto receber esses olhares. Você vê o peso do jugo das pessoas. Já presenciei várias vezes e fico indignado por várias motivos. Primeiro, pois não consigo fazer nada. Segundo, por ter ideia do que é passar por isso. Terceiro, por ver que isso está intrínseco a nossa cultura, pois são várias pessoas que fazem isso. Por último e sendo um dos que mais me assusta, é o fato das pessoas fazerem isso deliberadamente sem expressar nenhum tipo de preocupação com o que o outro possa estar sentindo, e eu tenho uma certeza. Provavelmente se alguém falar com esta pessoa, ela irá desconversar e dizer que não é nada disso, que só ficou admirada por detalhe X ou Y desta pessoa. O problema todo é que os olhos, com este olhar inicial, expressa todo o preconceito e perversidade que há no coração desta pessoa.
Jesus Cristo foi julgado inúmeras vezes na terra. Uma em específico é quando Jesus cura um endemoniado e é acusado pelos fariseus de realizar tal feito em nome de Belzebu e não pelo nome de Deus (Mateus 12, 12-32). Neste momento há algo muito importante dito por Jesus: “Porque a boca fala do que está cheio o coração.” (vs. 34b). Aqui falamos do não dito. O falar com os olhos. Como fica então? Encontramos outro dito que de Cristo se encaixa mais especificamente: “São os olhos a lâmpada do corpo.” (Mateus 6, 22-23). Se os olhos forem bons todo o resto será, e consequentemente se forem maus…
Desta forma considerem o que digo. Esse comportamento é inadmissível para um cristão, mas também para quem não é, considere pois as palavras de Cristo. Se você não crer que Ele é o Deus encarnado, veja esses ditos como algo de um homem sábio que também foi. Não olhe com desprezo para as pessoas. Se não consegue mudar o seu olhar não olhe então. Desvie! Você evitará um sofrimento grandioso para alguém. Tente mudar o seu olhar e o seu coração! Você pode dizer assim: “Mas eu não falei nada!”, mas é importante saber que não disse com a boca, mas o fez com os olhos e neste tipo de situação, um olhar é pior do que qualquer coisa que possa dizer. Cuidado, pois os olhos podem ser uma arma muito mais danosa do que os lábios.